MEIOS DE COMUNICAÇÃO - ARIANE DE LIMA SANTOS

quinta-feira, 15 de abril de 2010

" A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA EM UMA ÉPOCA"
A MÚSICA NA DITADURA MILITAR BRASILEIRA- ANÁLISE DA SOCIEDADE PELA OBRA DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA
Segundo Carina Gotardelo Ferro da Costa, o cantor e compositor Francisco Buarque de Holanda (Chico Buarque), nascido em 19 de julho de 1944, filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda e da pianista amadora Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda, que desde criança, por intermédio de sua irmã Heloísa Buarque de Holanda, mantém contato com diversas celebridades do meio musical, como, por exemplo, Vinicius de Morais, Baden Powell e Oscar Castro Neves.
Muito se fala sobre a ditadura militar brasileira, mas pouca certeza se tem do que realmente acontece nesse período. Partindo do princípio da arte como reflexo da sociedade, a presente pesquisa busca identificar como é a sociedade nesse período (1964-1984), bem como perceber o processo de crítica da classe artística, por meio da análise de mensagens subliminares embutidas nas canções de protesto de um com­positor específico, ícone na luta contra a ditadura, Francisco Buarque de Holanda: o Chico Buarque.
E A SOCIEDADE SE DIVIDE...
Nesse período, entre 1965 e 1968, o movimento musical é intensificado com a chamada Era dos Festivais. As canções de protesto adquirem importância, ocupando o papel de contestadoras da sociedade. Muitos são perse­guidos pela ditadura nessa época. A censura é instaurada no teatro, na TV e no cinema, na músi­ca e até nas universidades. Isso elimina quase que totalmente a possibilidade de germinar uma cultu­ra crítica.
Especificamente na música vemos bem clara essa divisão. De um lado, tem-se aqueles que buscam um afrontamento direto ao regime, questionando e criticando a realidade da sociedade. De outro, encontram-se os que usam os recursos da linguagem para esconder suas mensagens de modo subliminar nas canções.
É nos Festivais da Canção, citados anteriormente, que encontramos o palco para suas “disputas”. É no ano de 1966, no II Festival de Música Popular Bra­sileira, realizado pela TV Record, que esses dois célebres cantores encontram-se em uma final pela primeira vez. Chico Buarque apresenta sua música “A banda”, interpretada juntamente com a cantora Nara Leão, e Vandré concorre com “Disparada”, interpretada por Jair Rodrigues, Tri Maraiá e Trio Novo. Para desgosto do público, que não vê “A banda” como uma canção de protesto, os cantores dividem o primeiro lugar do Festival.
Ao mesmo tempo, Chico nos mostra a desesperança presente na sociedade da época, fala-nos de pessoas tristes, amedrontadas e solitárias e da clausura de cada pessoa por causa do regime militar. A canção é uma sobreposição de esperança e desesperança.
Assim, chegamos ao fim da década de 70 com um imenso empobrecimento cultural. Percebe-se que os valores ainda são os mesmos dos anos 60. Os artistas não podem expressar-se. Durante a ditadura, porém, os músicos encontram nas can­ções de protesto o meio para defender seus direitos e denunciar as mazelas de uma população que vive “confinada” por leis que a impedem de defender seus ideais.
Chegamos então à conclusão de que as canções de Chico não têm um público especificamente definido, mas são feitas para quem quiser ouvir (não apenas para quem puder), e, não importando a época, fica evidente que de um modo ou de ou­tro atingem a todos os segmentos de público.
Seja como forma de protesto, canção de ninar, reflexo da sociedade, canção popular, usada para análise, peças de teatro ou como “música para se ouvir em momentos especiais”, as obras de Chico estão presentes na história e no imaginário do povo brasileiro, que “canta, samba, dança e sorri”.
A DITADURA MILITAR NO BRASIL: CONTEXTO HISTÓRICO E MÚSICAS DE PROTESTOS
Segundo o professor Claúdio Roberto da Silva, o Brasil de 1964 a 1985 viveu sob o regime de uma ditadura militar, que começou com um Golpe de 1964, que, no seu início foi definido como um “movimento legalista”, uma “revolução democrática”. Na ditadura militar houve repressão policial, exílios políticos, estabelecimento de legislação autoritária, com supressão dos direitos civis, uso da máquina estatal em favor da propaganda institucional e política, manipulação da opinião pública através de institutos de propaganda governamental e empresas privadas que se beneficiaram do golpe.
A ditadura foi um forte golpe sobre a música brasileira. Os artistas perderam sua liberdade de expressão diante de inúmeras violências que o governo militar fazia, mas eles conseguiram driblar a censura e protestar de forma explícita ou implícita, declaravam o afrontamento direto ao regime, questionando e criticando a realidade da sociedade da época, por meio de metáforas, expressando um sentimento que não era exclusivamente seu, mas de toda uma jovem geração que lutava contra um regime político cruel, imposto no país.
A CENSURA MUSICAL DURANTE O REGIME MILITAR (1964-1985)

Segundo Maika Lois Carocha, durante os anos 1970, a música popular brasileira teve seu período de maior crescimento. Este fato certamente não passou despercebido pelos sucessivos governos militares, que durante todo o período de vigência do regime estiveram atentos ao que era produzido na esfera musical. Este artigo tem por objetivo empreender uma análise da censura musical.

O caráter de socialização trazido pela indústria cultural no sentido da divulgação das músicas, aliado à massificação da televisão, fez com que a música se tornasse presença constante na vida dos habitantes das grandes cidades, sendo um veículo de manifestação bastante utilizado.

Desde o início de suas atividades (1962), ainda na década de 1950, as emissoras de televisão (inicialmente apenas a TV Tupi e a TV Record de São Paulo) dedicaram-se aos programas musicais. Com o aumento da amplitude social desse tipo de mídia, a música ganhou um espaço cada vez maior. A relação entre música e TV consolidou a mudança do lugar social da canção iniciado com o advento da Bossa Nova e incrementou o panorama musical brasileiro, principalmente do ponto de vista mercadológico.

O outro pólo da relação regime militar - censura musical eram os cantores e compositores que tiveram suas composições vetadas na íntegra ou parcialmente cortadas. Alguns deles desenvolveram mecanismos muitos específicos tentando sempre driblar a censura.

O cantor e compositor Sérgio Ricardo teve inúmeras músicas proibidas ou mutiladas pela censura. Suas composições eram perpassadas por um viés eminentemente político.

Embora na censura musical a dimensão moral estivesse muito mais presente, a dimensão política também foi apresentada como motivo para vetos. Na censura musical ocorreu uma mescla de preocupações morais já antigas na tradição do pensamento brasileiro com as questões concernentes especificamente ao regime militar, como, por exemplo, o comunismo, a
luta armada, a defesa da segurança nacional, dentre outras. Nomes como os de Geraldo Vandré e Chico Buarque tornaram-se conhecidos graças aos seus constantes embates com a censura. Chico Buarque teve por volta de 40 músicas vetadas, metade das quais por causa de alusões a questões políticas.

Ao contrário do que alguns autores afirmam 55 os relatórios indicam uma grande concentração de músicas censuradas no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. Em 1973 foram censuradas 159 letras musicais; em 1976, 198 e, em sua fase final, já no ano de 1980, houve um registro de 458 músicas censuradas.

CONCLUSÃO

Percebeu como naquela época em nosso país, o Regime Militar trouxe à tona a fragilidade das instituições sociais, pois a bipolarização do mundo (capitalismo e comunismo) propiciou à burguesia brasileira optar pela preservação de sua própria condição de classe. Isto tinha apenas o objetivo de garantir seus privilégios e sua perpetuação como classe dominante?.
Como cada cantor (a) e compositor (a) tiveram sua marca registrada nesse período de repressão, teve a audácia de expor suas idéias contra o regime militar, usando o seu dom como meio de comunicação: a voz.
A partir de cada um, foi se mostrando como era expressada os pensamentos naquela época tão difícil e amedrontadora em que os cidadãos não podiam sair de suas casas e dizerem o que queriam realmente. Portanto, neste conteúdo apresentado, teremos relatos de alguns desses (as) compositores (as) que infringiram as leis para expor seus pensamentos e atitudes. Logo, os mesmos, acabaram sendo expulsos de nosso país, para não acabarem mortos por seus irmãos de pátria. E eles só queriam uma coisa desses líderes, a paz em nosso país e a liberdade de expressão de cada indivíduo.

BIBLIOGRAFIA

A música na ditadura militar brasileira - Análise da sociedade pela obra de Chico Buarque de Holanda (Referências bibliográficas):
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A ditadura militar no Brasil – Contexto histórico e músicas de protesto (Referências bibliográficas):
http://
www.infoescola.com/amusicanoperiododarepressão

A censura musical durante o regime militar (1964-1985) - (Referências bibliográficas):
http://www.infoescola.com/historia/censura-no-periodo-da-ditadura/

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